Residência Yamaguchi

São Paulo – SP
1981

Em 1981, fora do ambiente formal de trabalho, portanto durante as noites e nos fins de semana, desenvolvi com muito prazer o projeto da residência de meus amigos e moradores do mesmo prédio que eu morava.

Havia naquela época uma tendência de morar longe das cidades grandes, uma fuga de problemas de segurança, mais espaço de conveniência familiar, atividades de lazer e também uma busca de maior proximidade com a natureza, enfim uma esperança de vida melhor. Demétrio e Laura, meus amigos e vizinhos adquiriram um terreno de 840 metros quadrados em Alphaville II com um pequeno declive da frente para os fundos, de forma trapezoidal 16m de frente e 18m de fundos e aproximadamente 50m da frente aos fundos.

A família era constituída do casal, três filhos, uma menina e dois meninos. Como programa de necessidades, ficou estabelecido que a casa deveria ter duas suítes, dois quartos e mais um banheiro no setor de dormitórios.  A sala de estar deveria ser ampla, diretamente ligada ao acesso principal, e também às dependências da sala de jantar, cozinha, lavanderia e dois dormitórios de empregadas. Deveriam ser previstos também dependência para laser, junto a uma piscina.

Uma das condições impostas pelos clientes é de que a casa não deveria ter obstáculos e proporcionar acessibilidade à todas as suas dependências.

Obedecidos os recuos previstos para a ocupação do terreno, imaginei o projeto em dois blocos separados entre si por um pátio interno.

O primeiro bloco, voltado para a via de acesso previa abrigo coberto para dois veículos, acesso principal de pessoas, e sala de estar totalmente envidraçada e voltada para o pátio interno. No mesmo bloco e nas mesmas condições ficava a sala de jantar, tendo ao fundo a cozinha e lavanderia separadas apenas por uma grande porta de correr de modo que os espaços pudessem comunicar entre si quando conveniente.

O segundo corpo de edificações previsto no projeto compreendia o setor dos dormitórios em nível superior e área sob pilotis contendo espaços de estar ao ar livre, estúdio envidraçado e brinquedos. Nos fundos uma piscina de 50 metros quadrados.

Os blocos foram interligados por rampas suaves que atravessavam o pátio interno e as áreas internas eram envidraçadas proporcionando a ampla visão do ambiente externo.

A construção era toda em tijolo à vista interna e externamente e estrutura em concreto aparente. As paredes com instalações hidráulicas eram revestidas com pastilha de vidro, assim como os pisos dos banheiros. Os pisos das áreas internas eram em tabuas de madeira exceto nas áreas de serviço onde foram utilizados pisos cerâmicos.

A cobertura da casa foi edificada com telhas de fibrocimento, isolamento térmico e forro de madeira.  As amplas janelas nas duas faces dos dormitórios proporcionavam a ventilação cruzada para conforto térmico.

No piso externo, a modulação das juntas foi elaborada com o auxílio da escala Fibonacci, formando um tapete em toda a área social.

Os muros de divisa, em tijolo aparente, foram desenhados na obra; formando muxarabis.

A casa foi demolida em 2016.

Arquiteto autor do projeto: João Batista Martinez Corrêa

Projetistas: Jose Roberto de Salles Abreu e Flavio Baroboskin.

Área do terreno: 840m²

Área construída: 470m²

Ano de projeto: 1981